sábado, 24 de julho de 2004

- Ilusões: parte 1 de 3 -

    Meus pais saíram na sexta. Parece que tinham um aniversário de um amigo para ir. Amigo residente num município desses não muito longe, mas não perto suficiente para se ir e voltar no mesmo dia, principalmente depois de uma festança. Prometeram voltar antes do almoço de domingo.
    Minha irmã também saiu. Ela e o noivo saíram por volta das vinte e três horas, portanto não devo esperar que cheguem tão cedo. Eles não estavam muito bem. Algum stress idiota da minha irmã pelo meu cunhado ter chegado de viagem pela marinha e não ter ido vê-la antes de ter ido visitar os próprios pais. Com certo esforço ainda me recordo da tromba, inutilmente ofensiva da menor abandonada de 24 anos, e a expressão de não-fui-eu do garotinho de 26 que a acompanhava.
    Portanto fiquei sozinho. Na verdade meu cachorro restou pra compartilhar seus roncos comigo. Sem ter muito o quê fazer, fiquei assistindo TV e lendo um livro.
Numa das alternâncias entre ler o livro aguardando o comercial passar, e assistir um programa sem graça, acabei pegando no sono. E foi ali, no sofá da sala, que acabei por desmaiar, todo torto no sofá. Não sei dizer que horas isso aconteceu, mas deve ter sido algo entre uma e duas horas da madrugada de domingo.
    Horas mais tarde, acordo ouvindo um choro de mulher. Era um choro chato e incessante, de uma pessoa aflita. Logo penso que seria minha irmã, que supostamente havia resolvido, de uma forma ou de outra, seu problema com o noivo.
    Resolvi ir encontrá-la, ver se podia fazer alguma coisa. Não costumo ser amoroso ou atencioso, mas pelo choro, ela estava parecendo muito angustiada, como se tivesse perdido a coisa mais importante do mundo.
    Encaminhei-me ao seu quarto. Ainda caminhando no corredor, noto que o choro cessa, passando dos soluços a pequenos e profundos suspiros. Chegando lá, para minha surpresa, o quarto está vazio. Luz apagada, cama por fazer, tudo desarrumado como de costume. Fui ao quarto dos meus pais. Nada. Decidi revirar a casa. Varandas, cozinha, quarto de empregada, banheiros. Nada. Estava sozinho.
    Convenci-me de que podia ser alguém no prédio, e saindo do domínio daqui de casa, não posso fazer muito por essa pessoa.
    Olhei pro relógio, quatro e meia da manhã. Decidi voltar a dormir, mas na minha cama, sob meu cobertor, pois com o passar das horas a noite resolvia esfriar.Como é o hábito de quando estou sozinho, retornei aos cômodos apagando todas a luzes e fechando todas as janelas. Fechei as portas da varanda e fui deitar.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial