- As flores falam - Parte 2 -
Seis de maio de 1994, sexta-feira, uma e meia da tarde.
- Oi, mãe!
- Oi, Gu! Como foi a escola hoje
- Ah! Nada demais. Ganhei um ponto da professora de matemática II. Ah! E fiz isso aqui pra senhora na aula de artes. - Gustavo tira de uma pasta azul uma folha de papel e entrega pra mãe.
- O que é isso? - pergunta a mãe, tentando ser mais sensível possível frente o trabalho do filho.
- É um mosaico, mãe.
- Eu sei que é um mosaico, Gu. Mas qual é a figura? É uma flor?
- É, sim.
- Que flor é essa?
- É um lírio. Igual aqueles que tem no sítio da vovó. Tá vendo? A flor branca, caule verde...
- Ah, sim! Ficou muito bonito, Gu. Posso colocar em uma moldura e pendurar na sala?
- Pode, ué. - respondeu um menino tentando esconder o orgulho.
- Então vou levar amanhã na vidraçaria e mandar emoldurar. Em dezembro, quando for seu aniversário, sua avó vai adorar ver seus trabalhos de arte da escola.
* * *
Quinze de novembro de 1994, terça-feira, dez para as sete da noite.
- Alô.
- Oi, Neuza. É Edna. Estou ligando para saber se você tem notícias do menino.
- Não. - responde a mãe, sonoramente abalada.
- Olha, saiba que nós aqui estamos rezando muito por ele, por você e por sua família, está bem?
- Obrigada, Edna. Vocês têm sido de um apoio que talvez nunca possa retribuir.
- Faz um mês hoje, não é?
- Sim.
- Vocês estão mesmo organizando uma passeata no aniversário dele?
- Estamos chamando as pessoas ainda. Quem pode colaborar nós estamos convidando a participar.
- Que dia é mesmo?
- Nove de dezembro. No dia mesmo do aniversário.
- Pode contar conosco. Estaremos todos lá.
- Obrigada, amiga.
- Imagine. Bom, tenho que desligar pois a repartição está uma loucura hoje. Você nos faz falta aqui.
- Eu também sinto falta de vocês.
- Um beijo. Até logo.
- Beijo. Até.
Desde a fatídica noite, Neuza só consegue dormir sob efeito de remédios. Brigas passaram a ser comuns nos dias do casal. Mas Alberto e Neuza reconhecem que a força está na união deles, que neste momento precisam de um do outro, e que unidos conseguem reunir esperança de enfrentar a ausência do seu filho.
- Oi, mãe!
- Oi, Gu! Como foi a escola hoje
- Ah! Nada demais. Ganhei um ponto da professora de matemática II. Ah! E fiz isso aqui pra senhora na aula de artes. - Gustavo tira de uma pasta azul uma folha de papel e entrega pra mãe.
- O que é isso? - pergunta a mãe, tentando ser mais sensível possível frente o trabalho do filho.
- É um mosaico, mãe.
- Eu sei que é um mosaico, Gu. Mas qual é a figura? É uma flor?
- É, sim.
- Que flor é essa?
- É um lírio. Igual aqueles que tem no sítio da vovó. Tá vendo? A flor branca, caule verde...
- Ah, sim! Ficou muito bonito, Gu. Posso colocar em uma moldura e pendurar na sala?
- Pode, ué. - respondeu um menino tentando esconder o orgulho.
- Então vou levar amanhã na vidraçaria e mandar emoldurar. Em dezembro, quando for seu aniversário, sua avó vai adorar ver seus trabalhos de arte da escola.
Quinze de novembro de 1994, terça-feira, dez para as sete da noite.
- Alô.
- Oi, Neuza. É Edna. Estou ligando para saber se você tem notícias do menino.
- Não. - responde a mãe, sonoramente abalada.
- Olha, saiba que nós aqui estamos rezando muito por ele, por você e por sua família, está bem?
- Obrigada, Edna. Vocês têm sido de um apoio que talvez nunca possa retribuir.
- Faz um mês hoje, não é?
- Sim.
- Vocês estão mesmo organizando uma passeata no aniversário dele?
- Estamos chamando as pessoas ainda. Quem pode colaborar nós estamos convidando a participar.
- Que dia é mesmo?
- Nove de dezembro. No dia mesmo do aniversário.
- Pode contar conosco. Estaremos todos lá.
- Obrigada, amiga.
- Imagine. Bom, tenho que desligar pois a repartição está uma loucura hoje. Você nos faz falta aqui.
- Eu também sinto falta de vocês.
- Um beijo. Até logo.
- Beijo. Até.
Desde a fatídica noite, Neuza só consegue dormir sob efeito de remédios. Brigas passaram a ser comuns nos dias do casal. Mas Alberto e Neuza reconhecem que a força está na união deles, que neste momento precisam de um do outro, e que unidos conseguem reunir esperança de enfrentar a ausência do seu filho.
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