segunda-feira, 25 de outubro de 2004

- Historinha para contar aos (seus) filhos -

    Era uma vez um urso que queria uma fruta bem doce. Andando por muito tempo pela floresta ele acha uma amoreira. Mas suas amoras estão verdes. Ele chega perto da amoreira e diz:
    - Dona Amoreira, suas frutas ainda estão verdes. Será que eu um dia vou poder comer frutas bem maduras da sua copa?
    Amoreira responde:
    - Não posso garantir. Mas se for um dia, isso pode levar um certo tempo.
    O urso ponderou inconsolável: "Eu gosto de amoras, e gostei dessa amoreira, mas ela não me parece ter sido tão receptiva ao meu interesse por suas frutas." Ele adiciona:
    - Mas eu quero cuidar muito bem de você, e mesmo assim você não imagina que possa me dar suas frutinhas?
    Para infelicidade sem tamanho do urso, ela ratifica:
    - Não posso te dar garantias.
    Mesmo assim, sem muitas esperanças o urso fica ali cuidando da amoreira, não só por esperar alguma coisa em troca no futuro, mas porque ele realmente gostou dela.
    O tempo passou. E a amoreira parecia inflexível. Nada que o urso fizesse parecia ajudar. Por mais persistente que ele fosse, ele também sentia fome, tinha suas necessidades. Quem não tem?
    Um dia, o urso sentiu o cheiro de uma outra árvore frutífera. Morrendo de fome, ele foi conferir.
    Não era uma amoreira, pra falar a verdade ele nem sabia que árvore era aquela. Os frutos não estavam tão maduros quanto ele gostaria, mas sem dúvida nenhuma, mais amigáveis que as amoras.
    Educadamente o urso perguntou à distinta árvore:
    - Com licença, Dona Árvore. Você se importaria se eu pegasse algumas de suas frutas?
    Ela solicitamente respondeu:
    - Veja bem, minhas frutas estão quase maduras, mas não totalmente. E mesmo assim, nem são tão saborosas assim. Outros animais gostam delas. Mas não comumente, os ursos o fazem.
    - Obrigado pelo aviso, mas estou faminto. Há muito tempo que não como.
    E assim o urso foi comendo aos pouquinhos. De fato, não era o que ele desejava, ele comia aquelas frutinhas azedas e sem graça, pensando como teria sido muito melhor se a amoreira lhe desse o que desejava.
    Mais um tempinho se passou, e uma abelha abelhuda entra nessa história. Uma abelha que ronda os pomares da região, conhece ambas as árvores visitadas pelo urso e ela começa a fazer o que faz de melhor.
    Vendo o urso comendo das frutinhas da outra árvore, a abelha abelhuda não tarda em ir voando à amoreira lhe contar tudo que ela pensa ter visto.
    Horas mais tarde, o urso achando que está satisfeito, volta pro local onde sua querida amoreira está enraizada. Mas ele sabe que não está feliz porque afinal não eram aquelas frutinhas que ele queria.
    Chegando lá pra cuidar de sua amoreira como de costume, o urso nota que a amoreira está menos receptiva que o normal. Ele nota que ela está mais triste e que seus frutos antes verdes, agora estão murchos ou no chão, antes mesmo de amadurecer.
    Sem precisar de muitas explicacões, o urso entende porque sua querida amoreira está tão tristonha. E ele lamenta que ela não queira saber mais dele. Menos ainda do que demonstrava antes.
    O urso, confuso por não saber se a amoreira gostava e deixou de gostar ou ainda gosta dele, se retira derrotado. Ainda tenta alegar que a árvore o está julgando de forma superficial, mas nada disso adianta. Ela está decidida a bani-lo dos seus arredores. Inconsolável, ele tem de aceitar e parte.
    Mesmo estando de longe, e sabendo que talvez não tenha agido da melhor maneira, o urso ainda é fiel aos sentimentos e em pensamentos, não consegue abandonar sua amoreira. Hoje, ele não tenta mais querer cuidar da amoreira, regar suas raízes, arejar sua copa e etc, porque ele respeita a decisão que ela tomou, mas mesmo assim, ele ainda dá uma espiada de vez em quando, bem de longe, pra saber se ela está bem.

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