quinta-feira, 29 de abril de 2004

- Sonhou? Tá sonhado -

    Carambolas! Eu sou um cara de paz! Quem me conhece sabe que eu não sou de briga, e raramente entro numa discussão. Mas ultimamente tenho tido uns sonhos bastante violentos.
    Acho que no período de uma semana, eu tive 3 sonhos bem bizarros, dignos de filmes do Quentin Tarantino.
    No primeiro, eu sonhei que eu esmurrava um tarado que vivia assediando as mulheres do que parecia ser a minha empresa. O cara esperava as mulheres sairem mais tarde do trabalho e quando elas pegavam o elevador sozinhas, ele atacava. Sei que um dia descobri quem era, e resolvi fazer justiça. Acordei com a raiva que sentia do sujeito. Detalhe do sonho é que o cenário do sonho era mais ou menos o cenário daquela velha série da Sony Newsradio.
    O segundo sonho já foi uma coisa mais elaborada. Eu era um atirador de elite, mas não da polícia. Eu era como se fosse um mercenário e a polícia do Rio me contratou pra ajudar no caso da Rocinha. Lembro que no sonho o Secretário de Segurança não era o Garotinho, era um outro cara, mas o Garotinho estava querendo me impedir de subir pro terraço de um prédio em São Conrado que escolhi pra agir. Ele alegava que o disparo da minha arma acordaria os moradores. Hahaha! Esse é burro até nos meus sonhos, como se o tiroteio comendo solto lá embaixo não fosse acordar geral em São Conrado.
    Já o terceiro foi mais territorialista. Sonhei que sozinho capturei 5 bandidos que tentavam roubar os carros do meu prédio. Não lembro muito dos detalhes, mas acordei porque fiquei nervoso quando o delegado me chamou pra depor e queria me indiciar por execesso de violência ou algo assim. Muito Doido.
    Sei lá, mas parece que nos três sonhos eu tava dando uma de herói e isso pelo menos é bom. Devo estar vendo muita pouca televisão pra ter que perder meu tempo de sono me entretendo com toda a ação dos meus sonhos. Talvez seja o excesso de preocupação com o caso da violência no Rio e a passividade das autoridades. Daqui a pouco vira terra de Marlboro mesmo e vai ser cada um por si.
    Ainda bem que não sou sonâmbulo. Já pensou? Manchete do O Globo: "Patrulheiro de pijamas prende 20 na madrugada do Rio".

domingo, 25 de abril de 2004

- Inocência -

  Quero sentar e chorar
  Ver os olhos túrgidos regar a minha mão
  Que o tempo fluido se esvaia entres os dedos
  E me abandone na solidão

  Venho sentir o escuro esfriar meu corpo
  As sombras invadirem minha alma
  E inseminar de medo o meu rosto

  Varre de mim a solene gota de esperança
  Retenha o vazio pleno
  Exijo expulsar de mim a criança
  Que me fez crescer rebento

  Ah, lágrima morna... Escorra!
  Fuja desse fervilhão de emoções
  Deixe-me só na tortura

  Meu pranto cessará quando seco
  Então me afogarei em amarguras
  Serei um mármore, livre de mágoas
  Cicatrizando minha vida turva

  Repousarei só na quietude
  Serei uma sombra passada
  Incorporo a vontade sem atitude

  De herança lúcida deixaria tanto
  Saudades ilustres, pesadelos descritos
  Num diário de ricas folhas em branco
  Lembranças, momentos nunca vividos

sábado, 24 de abril de 2004

- Sabedorias do Mestre Gambá Cachaceiro -

    Para todo ato deve haver uma justificativa, Gafanhoto.
    Se para um ato você não puder encontrar uma justificativa, mesmo que não seja, amor, ódio, paixão ou loucura, então esse ato não deveria ter ocorrido, está errado. Pense nisso, Gafanhoto, e sua vida fará mais sentido.

quinta-feira, 22 de abril de 2004

- Conselho grátis -

    Fome e Cup Noodles de Bacon = BOA IDÉIA
    Sem tanta fome e Cup Noodles Bolonhesa (Cremoso) = MÁ IDÉIA

domingo, 18 de abril de 2004

- Sob medida -

    Conheço pelo menos 5 pessoas, eu inclusive, com problemas "familiares". Será que já posso fundar uma ONG? Sei lá! Receber donativos para os nascidos no lugar errado. Acho que poderia se chamar: Family Displaced People For Help And Care. Fato engraçado: começa por "FDP". Odd!

terça-feira, 13 de abril de 2004

- Dias melhores virão -

    Você acredita em previsão do tempo?
    Pois é, tratando-se de tufões, furacões, sol e até mesmo avalanches, eu até dou um crédito, mas o serviço de meteorologia do Rio de Janeiro deveria começar a expansão do leque de fenômenos climáticos observados no estado. Aqui, além de água e funkeiro, tem chovido muito chumbo.
    Bala, caroço, pipoco, chamem como quiser. Fato é que mesmo que você evite áreas de favela, esses grossos pingos têm vindo acertar até mesmo as pessoas em casa. É triste.
    Quinta-feira passada eu presenciei uma cena que só estou costumado a assistir na CNN ou no Cidade Alerta. Indo de Botafogo para o Recreio dos Bandeirantes, fiz a infeliz, mas lógica opção de pegar a direção de São Conrado passando pelo Túnel Zuzu Angel. É o caminho mais curto, porém nesse fatídico dia tornou-se o mais longo.
    Já no finalzinho do túnel, passa pelo meu carro uma enorme quantidade de carros da polícia, com todo o arsenal para fora e sirenes desligadas. "Opa! Tem algo errado aí!" Em questão de menos de um minuto, a situação se revelaria. A uns 50 metros do fim do túnel sentido Gávea - São Conrado, nós pobres cidadãos e motoristas pagadores de impostos fomos recepcionados por uma cena de guerra civil. Policiais correndo para dentro do túnel, com suas armas a mão, em direção aos automóveis. Só podíamos ouvir o barulho dos tiros e da expressão de desespero dos policiais. Um deles passou por mim, e por ter notado minha expressão pálida, balbuciou algo como: "- Pega esse retorno aqui e volta no sapatinho, que a coisa tá foda aí na frente". Não pensei duas vezes. Sendo o primeiro e seguido por uma outra legião de apavorados pagadores de impostos tivemos que fazer o retorno para tentar alongar o tempo de contribuição para o estado, salvando nossas vidas.
    Conclusão disso tudo é que eu acabei fazendo um trajeto que me levou o dobro do tempo do percurso original, um estresse inédito que me fez reconhecer um apego à vida, e uma revolta imensurável sobre a situação da violência no Rio de Janeiro.
    Não sei não, mas acho que minha perspectiva de vida tá mudando. Estou pensando seriamente em pedir de presente no dia dos namorados um colete à prova de balas; no fim do ano, como presente de aniversário, trocar meu carro 2002 por um blindado qualquer 93. Talvez assim eu consiga passar pelo túnel na próxima vez.
    Alguém já disse pro Garotinho que a brincadeira de polícia e ladrão já saiu de moda?

quinta-feira, 8 de abril de 2004

- Sabedorias do Mestre Gambá Cachaceiro -

     Gafanhoto, não deixe que os seus problemas consumam você. Você é quem deve consumir os seus problemas.

     É sempre mais fácil contar sua história do que vivê-la, gafanhoto.

quarta-feira, 7 de abril de 2004

- Pais e filhos -

    Não sei como é na sua casa, caro leitor, mas aqui eu me sinto como uma gota de azeite em um balde de água.
    Sabe? Eu possuo alguns péssimos hábitos, por exemplo: gostar de assistir séries de TV justamente quando todos estão em casa. Bom, aí você deve estar se perguntando o que tem de péssimo nisso. O péssimo reside no fato de eu não possuir uma TV só para mim, no meu quarto.
    As razões para isso são longas, e digamos que em parte eu fui abrindo mão disso porque na época certa eu dava prioridade a coisas erradas e vice-versa. Mas isso é papo para ficar na pilha de assuntos futuros do blog.
    Continuando... Aqui em casa reina o egocentrismo. É impressionante. Qualquer dia desses convido uns antropólogos e psiquiatras (talvez alguns veterinários) do National Geographic ou canal semelhante para fazer-nos uma visitinha. Exceto eu, as pessoas aqui definitivamente não conseguem respeitar o espaço dos outros. Um exemplo claro disso foi hoje. Estavam meu pai e eu vendo TV na sala, quando minha irmã e minha mãe entram em uma acirrada discussão a plenos pulmões sobre... acreditem, quais bombons serão dados a tais e tais vizinhos do prédio. Dentro de alguns instantes, meu pai é solicitado a dar sua opinião e é sugado pela discussão das duas. Imagina a cena? Eu e minha cara de puto, tentando ouvir a *&%$#@ do programa mas só conseguia distinguir na conversa, e muito de vez em quando, o nome de algum vizinho (às vezes a qualidade ou defeito) ou a marca de algum bombom.
    O cúmulo foi que depois de algum tempo de discussão, volta meu pai ao lugar originalmente ocupado por ele no sofá e como se houvessem passado apenas alguns segundos me pergunta o que foi que aconteceu. Assim: - "Quem foi o assassino?"
    Eu não podia deixar passar essa e respondi: - "O filho. Claro."

Deus, faça-me o favor! Que freak show é esse?

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sábado, 3 de abril de 2004

- Pais e filhos -

Horário: por volta das 17 hs.
Local: dentro do carro, indo para o mercado comprar umas "coisinhas".

Diálogo entre mãe e filho:

- Você vai mesmo perder a bolsa do CNPq? - ela pergunta do nada.
- Vou - ele responde impacientemente por saber que as "coisinhas" vão tomar mais de 30 minutos do seu tempo.
- Por que?
- Por causa da idade e porque eu quero um estágio que pague mais. Não posso ter a bolsa e o estágio ao mesmo tempo. Caracteriza uma situação irregular para o CNPq.
- Mas você vai continuar no projeto, né?
- Não.
- Vai perder tudo o que já fez?
- Não, vou aproveitar como projeto final de curso.
- Mas você não achava que isso poderia contribuir para conseguir uma bolsa de mestrado para quando se formar?
- Não vou mais fazer mestrado.
- Por que? - ela pergunta espantada.
- Porque a bolsa do mestrado é muito menos do que eu quero estar ganhando no futuro.
- Mas será que não vale a pena aguentar um pouco?
- Dois anos não são pouca coisa.
- Ah! Mas um sonho a gente tem que seguir.
- Sonho a gente segue quando tem dinheiro no bolso para ter o que precisamos. As necessidades vêm primeiro. E mais um detalhe: isso vale quando são os NOSSOS sonhos.
- Mas de que necessidades você precisa?
- Quero sair de casa o mais rápido possível. Morar sozinho.
- Sair de casa? Por que?!
- Porque sou infeliz em casa.
- Você é infeliz?
- Sou.

E o diálogo se encerra. Não houve mais nada para ser transcrito.

sexta-feira, 2 de abril de 2004

- O primeiro a gente nunca esquece -

Olá, prezado leitor!
Este é o primeiro post do meu primeiro blog .
Aqui você só vai encontrar lamentações e pensamentos soltos que vagam pela minha mente perturbada e contrariada.
Nos vemos por aí.